"...Você chega num hotel luxuoso. Há uma porta de vidro no hall, para manter a temperatura agradável. O cliente chega apressado, empurra naturalmente a porta, e dá com a cara no vidro. Suspira, interpreta a situação, e pega a maçaneta redonda para puxar a porta. Novo choque, a porta não abre nem empurrando, nem puxando. Depois de um tempo de reflexão, examinando a estrutura da porta, descobre que se trata de uma porta deslizante, que tem de se puxar para o lado.
Uma bobagem? Nem tanto. Norman partiu de várias situações análogas, e da imensa irritação que podem nos causar pequenas coisas, para pesquisar a que ponto o problema é geral. Chegou à conclusão que o homo economicus moderno tem de manejar cerca de 30.000 produtos diferentes, desde abridores de lata, até saquinhos de amendoim que recebemos graciosamente no avião, e que passamos boa parte do vôo tentando abrir. Os exemplos são inúmeros, e divertidos, mas as situações acumuladas geram uma angústia e irritação cada vez mais frequentes, já que temos mais coisas a fazer na vida do que aprender a decifrar o que um designer muito esperto inventou como novidade complicada.
Tantas pessoas sentem-se desadaptadas relativamente às novas tecnologias. Precisamos realmente de 30 botões no controle remoto? A grande realidade é que os designers raramente pensam no usuário, e ignoram como o usuário reage naturalmente aos desafios mecânicos de objetos desconhecidos." Trecho da resenha de Ladislau Dowbor no link Dowbor a respeito do livro The Design of Everyday Things.
Donald A. Norman / Doubleday New York 1990
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