sábado, 10 de outubro de 2009

A agonia diante de projetos nada amigáveis

Texto do site de resenhas de Ladislau Dowbor (link ao final da postagem).
"...Você chega num hotel luxuoso. Há uma porta de vidro no hall, para manter a temperatura agradável. O cliente chega apressado, empurra naturalmente a porta, e dá com a cara no vidro. Suspira, interpreta a situação, e pega a maçaneta redonda para puxar a porta. Novo choque, a porta não abre nem empurrando, nem puxando. Depois de um tempo de reflexão, examinando a estrutura da porta, descobre que se trata de uma porta deslizante, que tem de se puxar para o lado.

Uma bobagem? Nem tanto. Norman partiu de várias situações análogas, e da imensa irritação que podem nos causar pequenas coisas, para pesquisar a que ponto o problema é geral. Chegou à conclusão que o homo economicus moderno tem de manejar cerca de 30.000 produtos diferentes, desde abridores de lata, até saquinhos de amendoim que recebemos graciosamente no avião, e que passamos boa parte do vôo tentando abrir. Os exemplos são inúmeros, e divertidos, mas as situações acumuladas geram uma angústia e irritação cada vez mais frequentes, já que temos mais coisas a fazer na vida do que aprender a decifrar o que um designer muito esperto inventou como novidade complicada.

Tantas pessoas sentem-se desadaptadas relativamente às novas tecnologias. Precisamos realmente de 30 botões no controle remoto? A grande realidade é que os designers raramente pensam no usuário, e ignoram como o usuário reage naturalmente aos desafios mecânicos de objetos desconhecidos." Trecho da resenha de Ladislau Dowbor no link Dowbor a respeito do livro The Design of Everyday Things.
Donald A. Norman / Doubleday New York 1990

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