quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Na estrada da vida: a nobreza e a obscuridade da alma humana nos road movies

Little Miss Sunshine
Quem nunca saiu de um filme, ao menos uma vez, sem se apaixonar pela atriz ou pelo galã? Quem conseguiu evitar as gargalhadas diante das estrepulias cômicas ou de surpreendentes e hilários diálogos? Quem segurou o choro de frustração ou de alegria, quem não se indignou? O mais crítico dos críticos talvez consiga ficar alheio, o ofício exige, duvidamos, porém.
Boas histórias engatam façanhas espetaculares, revertem os humores, acionam lembranças e encantam o cotidiano. As imagens do cinema atraem mais ainda, se a trama for astuta, algumas das mais famosas são road movies.
Herdeiros das narrativas clássicas, road movies propõem a busca de um sentido, às vezes bem embaixo do nariz de quem parte. Joseph Campbell, em O Herói de Mil Faces (espie-o na URL do livro), mostra que praticamente todas as narrativas utilizam o tal "chamado da aventura". Os filmes que estamos lembrando assim propõem.
No road movie "Little Miss Sunshine", os personagens de uma família vêem que, embora sob a ruína individual, precisam preservar a esperança, a fantasia, enfim o desejo pela conquista. No filme "Priscila, a Rainha do Deserto", três surpreendentes artistas Drag Queens rumam pelas estradas , sob o olhar de estranhamento de pequenos vilarejos e cidades, para realizarem um show nos confins do deserto australiano, no trajeto, sonhos, frustrações, a paixão, tudo aflora.
Nem todos os road movies, porém, personalizam a nobreza da alma, alguns revelam absurdos (a jornada é implacável, como a vida, em alguns emerge o que há de admirável, em outros, o mais vil dos humanos). Entram neste lado negro dos "road", motoristas assassinos, sequestradores, pilotos inescrupulosos, mafiosos, policiais corruptos, um elenco de personagens quase interminável (mínimo, se comparado com a realidade): Uma rajada de balas (Bonnie and Clyde), Assassinos por natureza (Natural born killers), o Bonnie Clyde atualizado, Encurralado (Duel), Mad Max, entre outros, servem como exemplo, claro que o mal nunca emerge dos heróis, provém do mundo exterior.
O adorador de filmes do tipo (não é um gênero, bem que poderia) pode se deleitar nas variáveis, nem sempre com automóveis, motos, ônibus ou caminhões, nem sempre terrenas; muitas são as propostas de retorno ou avanço no tempo ou até mesmo no imaginário. Evidente, uma postagem não suporta a extensa listagem que também tem filmes brasileiros, como o Bye Bye Brasil, Terra Estrangeira, Cinema, aspirina e urubus, No Caminho das Nuvens, entre muitos. Lembra-se ou indignou-se por esquecermos de algum? Envie um comentário.

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