quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O combustível em nossas vidas

As expectativas do passado criaram vários imaginários (ainda criam) a respeito da evolução da tecnologia. Os automóveis, é claro, não ficaram de fora. Os Jetsons, desenho animado típico dos anos 70 no Brasil, é um dos múltiplos exemplos, como podemos ver no vídeo aqui ao lado, onde naves com propulsão traseira levam os passageiros a residências dispostas em torres altíssimas. As narrativas adultas não ficaram de fora deste imaginário. No filme Blade Runner, a Metrópolis de Ridley Scott, embora conservando algumas características automotivas, os veículos são naves cujas rodas são apenas uma opção remanescente. Veja um destes veículos no trailer Blade Runner.

As rodas ainda dominam o mundo do século XXI, a questão não é mais essa, é sim a alternativa para o combustível, impensável nos argumentos futuristas, com raras exceções (os combustíveis fósseis pareciam inesgotáveis e a poluição imperceptível).
A verdade é que combustíveis fósseis estão com os dias contados e as alternativas ainda inviáveis, talvez por interesses escusos. O que se mostra, mais e mais evidente, são as opções híbridas, que correspondem a uma transição mercadológica adequada à dependência da indústria automotiva. A bancarrota no setor significaria um caos incontrolável para a área financeira e todo o modelo societário. Sem combustíveis e veículos, de que modo ocorreriam as transações internacionais?
É impossível uma civilização como a nossa sem autoveículos. Até mesmo o computador depende da sociedade automotiva, da entrega de peças para a montagem até o exato momento em que acessamos este blog. Afinal de contas, toda a cadeia produtiva de energia elétrica é dependente do transporte de pessoas e de equipamentos. Um, sem o outro, "sem chance".
Na ausência de combustíveis, ficaríamos sem comunicação, estudos, trabalho, higiene, alimentos e roupas, um retorno quase que ao início do século vinte. Muitos perderiam a vida, o sistema de saúde, com seus avançados equipamentos, medicamentos, produtos de higiene e energia alternativa, logo se esgotaria. Os especialistas em alternativas (raros, mas existem) somente responderiam aos chamados em um prazo bem mais esticado (já que os deslocamentos seriam poucos e mais lentos).
Sim, este exercício tem o tom de filmes de desastre, mas também serve como reflexão a respeito da dependência que temos em um modelo civilizatório. A escassez dos combustíveis é gradual e não se prevê rupturas bruscas no fornecimento, salvo desastres. O estudo de alternativas dá sinais claros de que um dia isto acontecerá. Que elas sejam incorporadas o mais rapidamente, uma vez que o esgotamento não é apenas o delírio de um escritor de ficção científica.
Nilo Dias Cabral
Jornalista

Nenhum comentário: